terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O temor e a obediência

O mais interessante de uma pregação é que ela nem sempre nos pega naquele que é o enfoque principal do pregador. Umas poucas palavras sobre temor do Senhor me chamou a atenção na fala do pastor Alcides, da Igreja Presibiteriana do Jardim Botânico, que visitei certa vez. Ele falava de outro assunto e abordou o temor do Senhor. Ele falava que o temor do Senhor inclui a compreensão que vamos prestar contas a Deus de nossas vidas. Aí ele disse algo mais ou menos assim: "Se você acha que é vontade de Deus que você venha para a igreja no domingo e você não vem, essa sua ação terá alguma consequência?".
Isso fica em minha mente. Consideramos Deus nosso Senhor em algumas músicas que cantamos, mas quando é hora de elaborar nossas confusas agendas, algumas de suas disciplinas espirituais acabam ficando de fora. Sei que a oração, a meditação, a leitura da palavra, o compromisso com a simplicidade fazem parte de sua vontade para minha vida. E quando não coloco isso em prática em meu dia-a-dia, não estaria colhendo condenação para mim mesma? Às vezes consideramos essas atividades como alguma opção a mais para nos trazer paz e tranquilidade, como um bom descanso a noite ou assistir a um filme com os amigos. 
Se minha vida está rendida à submissão a Deus, por que vivo como se fosse só para mim mesma? Fica o registro desse questionamento.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A manifestação do reino

Chega o Natal, a encarnação de Deus, que passa a ser Emanuel, Deus Conosco. Uma grande notícia para o mundo, mas que as pessoas cuidaram de pasteurizar para tornar mais digerível num mundo tão materialista. E isso tem o poder de acabar com o sentido de termos e mantermos esperança. Quando lemos o jornal todos os dias nos deparamos com uma realidade tão dura de corrupção reinante no coração do homem, que se deixa levar pelo desejo do poder, do dinheiro. E uma multidão enorme de famintos, apartada de direitos, vitimada pela fome e pela miséria. Como lidar com isso? Tenho fome e sede de justiça e quero ter a esperança de que serei saciada!

O nascimento de Jesus me aponta para uma nova realidade que me deixa em frente a um banquete. É a promessa e o início de um mundo completamente diferente de tudo o que já pensei que haveria. Ao contrário de todo o poder humano, centrado apenas em si mesmo, o Deus encarnado é a promessa de justiça plena. Ele "julgará com justiça os pobres e decidirá com equidade a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso" (Is 11:4).

Essa é a boa nova do evangelho. Às vezes, como somos cristãos numa era tão individualista, queremos ressaltar sempre que a boa notícia é que Jesus vai apagar a culpa que sentimos em nossos corações e seremos enfim felizes. Sim, é verdade, ele traz paz ao abatido, é perdoador, conselheiro. Mas ele é a promessa de que todas as injustiças e mentiras que vemos terá um fim. Os pobres e oprimidos verão a justiça brilhar. Ele se manifestará em seu reino de glória e não mais viveremos sob tal julgo. 

Como é o Reino dos Céus? Fantástico observar alguns vislumbres que a Bíblia aponta. "O lobo habitará com o cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi" (Is 11:6 e 7). Pode até mesmo parecer loucura pensar num mundo em que a própria natureza é mudada, pois sempre entendemos que não há nada de errado com ela, mas somente com o homem (isso pode ser assunto de uma outra reflexão). Mas é interessante perceber que mesmo os instintos mais naturais e desprovidos de pecado também sofrerão a interferência da manifestação de um Deus justo e fiel. Vem, senhor Jesus! 

domingo, 18 de abril de 2010

A cruz

Faz tempo já que a Páscoa passou, essa que é a festa mais importante dos cristãos. Ela significa nossa redenção! E fiquei devendo um comentário sobre o assunto por dois motivos. O primeiro é que eu disse que leria os evangelhos e atos até a data. Mas confesso que não o fiz, ficou faltando um dos evangelhos e um pedaço de Atos. Sem querer me justificar ou explicar, desfoquei-me das coisas mais importantes por muitos desses dias, dei meu sangue no trabalho e chegava já sem força (por vezes, sem saúde) em casa e não conseguia fazer muito. Pedi perdão a Deus. Minha cabeça passou a doer muitos dias. Agora quero voltar à centralidade das coisas e logo terei uma boa história para contar além de minhas próprias derrotas. 

Mas isso era só uma satisfação que queria dar a mim mesma e (se houver) a algum leitor. Na realidade, o que eu tenho que falar é muito, muito mais significante. É a cruz, nosso símbolo, que dá significado a nossa fé! E aprendi muito nesses dias lendo uma citação de Phillip Yancey em um livro de John Stott. Algo que me ensinou muito:

"Eu mesmo jamais poderia crer em Deus, não fosse pela cruz. O único Deus em que creio é aquele que Nietzsche ridicularizou como sendo 'Deus sobre a cruz'. No mundo real da dor, como alguém poderia adorar um Deus que fosse imune a ela? Entre em muitos templos budistas em diferentes países da Asia e fiquei em atitude respeitosa diante da estátua de Buda com suas pernas cruzadas, os olhos fechados, a visão vislumbrante de um sorriso ao redor da boca, um olhar distante na face, desvencilhado das agonias do mundo. Todas essas vezes, no entanto, depois de um tempo, tive de dar as coisas a ele. E na imaginaaçõ me volto para aquela figura solitária, curvada e torturada na cruz, com pregos nas mãos e nos pés, com as costas laceradas, os membros distendidos, o semblante sangrando por causa dos espinhos, a boca seca e uma sede insuportável, mergulhado na escuridão do abandono de Deus. Esse é Deus para mim! Ele deixou de lado sua imunidade à dor. Ele entrou em nosso mundo de carne e osso, lágrimas e morte. Ele sofreu por nós. Nossos sofrimentos se tornaram mais suportáveis à luz do sofrimento dele".

sexta-feira, 12 de março de 2010

Inadequada

No sábado a noite e no domingo de manhã me senti como se estivesse maltrapilha. Num dia fui ao shopping, que tem tantas roupas da moda, com ostentação e riquezas. No outro era ceia do Senhor, momento de rever minha vida, de pedir perdão. Situações tão diferentes, sensação tão semelhante.
Conforme compreendo melhor a simplicidade exterior e deixo de ser uma consumista, começo a ver que o estilo de vida centrado no ter é algo insano. Nunca estou arrumada o suficiente, sempre preciso de um pouco mais. E aí entram os templos do consumo, num ritmo e numa filosofia que não me enquadro mais. Só que eu ainda me importo com a aparência (menos do que antes, mas ainda dou algum valor) e me dói ainda (mesmo que um pouco) ter o dinheiro, me disciplinar para não querer tudo e me contentar só com o que preciso. É uma inadequação que sei que poderia evitar, mas que não posso se quero ser coerente.
Já a outra sensação de maltrapilha me acompanha quando chego perto do meu Senhor para pedir perdão. Ele tão glorioso, e eu tão errante e suja. Mas diante dele, que incomparavelmente mais do que qualquer estilista por aí, sei que meu sentimento é remediado. Ganho novas roupas, ele me purifica.   

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Espinhos e simplicidade

Depois que trabalho com agricultura, tive uma nova fagulha de percepção sobre a velha e boa parábola do semeador, que tantas vezes ouvimos falar. Percebi que os espinhos são aquilo que mais devemos nos preocupar, assim como ocorre em todas as plantações. Não é preciso cultivá-los, as ervas daninhas nascem em qualquer lugar, despretenciosamente. Na realidade, é preciso arrancá-los, pois as pragas concorrem com as boas plantas pelos nutrientes. E o que está sendo cultivado fica lá, com frutos sem amadurecimento, pois precisa compartinhar com intrusos seu crescimento (Lucas 8:14).

O remédio contra isso é boas doses de simplicidade, cotidianamente. Precisamos desejar uma só coisa: o Reino de Deus. O resto é complicação desnecessária e abortiva de bons frutos. E esses sentimentos que precisamos nos dedicar a tudo, com urgência, não precisam ser cultivados - são carregados pelo ar e nascem na nossa  agenda expontaneamente como os cuidados, as riquezas e os deleites da vida. E aí sobra pouco tempo para cultivar o que importa, a plantação vai definhando aos poucos.

Quando olhamos o principal e arrancamos do nosso coração a necessidade de cuidar de tudo o mais, não corremos o risco de morrer, deixar nossa vida sem cuidados. As outras coisas são acrescentadas pelo agricultor a medida que realmente são necessárias. Algumas vão-se mostrar completamente inúteis. O único dever que temos como boa terra é manter nossos corações e agendas limpos para ele.

E  o que posso ouvir todos os dias são suas palavras em meu coração: "Marta, Marta, está ansiosa e preocupada com muitas coisas, mas uma só é necessária. Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada".

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dúvida

Quantas incertezas pairam! O que farei quando tenho uma decisão na frente, um tempo que se esgota e um monte de questões paralisantes? O que há no meu futuro?
Não tenho essas respostas. Tenho certeza de que essa confusão em minha mente tira meu sossego e muitas horas improdutivas em meu dia. Deus não tem insegurança nem incerteza. Queria ser como ele, mas sou solta assim, com tantas questões me levando para cá e para lá numa inconstância.
Minha oração tem sido meu refúgio. Um momento de paz, entregue estou nas mãos do próprio Deus, que tem mais poder que um juiz ou um presidente. Que ele julgue minha causa, pois desde o começo me apeguei a ele, a sua vontade e a seu querer. Não sei onde as direções dessa vida vão me levar, sei que estou agarrada numa só ideia (foi ela que me trouxe aqui, nesta encruzilhada): quero a vontade de Deus, mesmo que ela não me pareça agradável à primeira vista.
Continuo tão incerta, pois sou feita de carne. E ainda bem medrosa, pois careço de ser lembrada o tempo todo, que tenho uma direção. Mesmo que me pareça que esteja apenas tateando no escuro. Senhor, só em ti repousa toda a minha confiança no meio desta turbulência. Eu sei que você está aqui no barco e está no controle.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O fim de tudo

Estamos chegando ao fim? Estranho pensar nisso, pois muitas vezes projetamos nosso sentido de eternidade para nossas vidas terrenas. É como se quiséssemos uma eternidade aqui na terra - uma sensação típica de quem não sofre com fome, guerras cruéis e outros sintomas mais perversos de nossa humanidade corrompida. Mas ainda não vi nada material nessa terra que é eterno, e assim também a própria Terra não está destinada a ser, como já nos foi advertido.

Jesus chamou seus seguidores para relembrar seu sacrifício e aguardá-lo. Ele vai voltar. E assim como os primeiros cristãos, nossa perspectiva é de que isso ocorra durante nosso tempo de vida. Nossa vigília, nossa prudência e nossa espera deve ser para esse dia especial.

Por causa de uma corrente teológica mais difundida em nosso tempo, vejo cristãos que pensam que vamos assistir a grande tribulação de camarote lá no céu, depois de arrebatados. Uma perspectiva que casa bem com a teologia da prosperidade, pois Deus nos teria colocado no mundo só para grandes delícias, enquanto todo o resto se corrompe em grandes problemas devidos ao pecado.

Esse pensamento tem alguma perspectiva bíblica, claro, mas não deixa de ser apenas uma ideia de interpretação do Apocalipse. Ele não é a verdade sobre o futuro, é uma interpretação apenas. Não podemos direcionar nossas vidas por essa perspectiva, quando o próprio Jesus fala para seus seguidores o que deveria se feito quando o anti-cristo se manifestasse. Ele fala de fulga, de aguardar a segunda vinda de Jesus. Se tivermos de passar por muitas adversidades antes do arrebatamento, você estará preparado?

sábado, 9 de janeiro de 2010

O sermão


Comecei por Mateus. E, para meu deleite espiritual, já com o sermão do monte. Como é bom saber a visão da nossa vida e existência humana a partir do ponto de vista do próprio Deus! É como se em um ponto as coisas fizessem um pouco mais de sentido em um mundo tão louco, pois é o sentido dado por aquele que nos fez e criou para ele mesmo.
É claro que vou dizer que não tinha ouvido falar do sermão do monte nem que, nos últimos anos, não o tenha lido algumas dezenas de vezes (até mesmo já tenho decorado alguns versículos). Mas acho que o deveria ter lido mais, praticado mais - são as palavras do meu Senhor. É mais fácil ter a fé a partir do ponto de vista do pastor ou de um livro escrito em uma linguagem atual. Mas ao ver o próprio Jesus falando, tenho a fonte certa e inequívoca da minha fé. Ouço sua voz, tenho comunhão.
O próprio Cristo aponta a importância de praticarmos suas palavras, para sermos firmes e inabaláveis, de acordo com o sermão. Para Russell Shedd, "quando o homem de Deus medita nas palavras reveladas pelo Senhor, sua alma ganha força e incentivo para seguir os preceitos divinos. É comparável ao doente que, auxiliado por remédios, vitaminas e alimentos saudáveis, recupera a saúde - e, com ela, a energia, a vitalidade e o entusiasmo".
Junto com o recuperar de minha própria vida, busco também compreender esse novo universo de valores, que é o cristianismo. Ao ouvir falar a palavra de Jesus, penso que nós como sociedade somos qualquer coisa, menos cristãos. Será que não amamos as riquezas? Temos dado a todos aqueles que nos pedem? Nossos olhos são bons? O caminho estreito continua opção de muitos poucos, me parece que é um caminho que vai se estreitando cada vez mais, a medida que vamos percorrendo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Desafio para 2010

Nada como um grande desafio para o início de uma nova etapa da vida. Escrever neste blog é algo que atrai muito meu coração, mas por um prazo(pode-se perceber) não houve muitas atualizações. Muitas reflexões pairaram e eu não pude expressá-las, afinal nem sempre as falas do Espírito devem ser compartilhadas. Outras vezes, não vale a pena expressar um texto meu, pois o que sinto às vezes é vírgula por vírgula o que já está em um texto alheio. Como não vale a pena ficar reescrevendo o texto dos outros, o que dá vontade é deixar um post: leiam a página tal de tal livro. Não sei se isso também vale a pena.

O fato é que me ocupo agora de um novo ano, novas perspectivas. E o que eu quero para este ano, nesta questão espiritual (que é o alvo desde blog), é ler a Bíblia. Quem tem realmente um relacionamento vivo com Deus conhece a importância desse livro e, por isso, não raras vezes começa o ano com a determinação de o ler todinho. Como no livro do John Stott, “Bíblia toda, o ano todo”.

Só que, amigos, preciso confessar uma falha: minha leitura nunca se completou. Sim, minha leitura da Bíblia é caótica, assim como é também minha agenda, meus pensamentos e minha atitude. Preciso de disciplina. Aí eu imprimo uma planilha e, no começo de um novo ano, começo a marcar o xis na leitura do dia, três capítulos por vez. Como o caos impera (falha minha) em meio de compromissos domésticos, com o marido, com a saúde (-às vezes, com a doença), com as pessoas, tudo me escapa pelos dedos e tenho que recomeçar de novo. E leio um pedacinho aqui e outro acolá, de forma fragmentada. Quem me conhece sabe que faço isso com tudo o que leio e até mesmo falo.

Mas não seguirei meus velhos tropeços. A Bíblia não é como outro livro, é palavra de devoção completa de todos os cristãos. Como uma, eu preciso me ater em examinar o que diz o livro de Deus. Sei que isso pode me transformar em um ser humano melhor. Quem me conhece sabe que preciso bem disso, pois sou um amontoado de falhas. Por isso, contarei com a ajuda deste blog e de meus virtuais possíveis leitores. Compartilharei com vocês minhas impressões. Pode ser que não escreva todos os dias, pois se eu tiver tempo só para ler a Bíblia, é certo que meu compromisso maior é com ouvir Deus, pois só assim posso falar dele. Aí a minha leitura vai seguir algumas metas. Até a Páscoa, quero ler os quatro evangelhos, Atos e Romanos. Não vou ler quatro ou três por dia. Quero deixar fluir quando estiver interessada, também quero me ater a algum detalhe quando for necessário. Aí posto aqui algum esboço do que tenho visto e tentado colocar em prática para aprimorar minha existência neste planeta.

Se alguém quiser me acompanhar por aqui, peço que me dê uma força também. Pois eu sei que a vida com Deus é algo espetacularmente cheio de significado e força. Afinal trata-se de um relacionamento com o que fez e governa todas as coisas. E pela aplicação da palavra, vou perceber ele agindo em mim todos os dias. Isso pode ser de alguma forma tão formidável e assustador, como é o tocar o mundo espiritual. Relembro a frase de um de meus heróis, C.S. Lewis: “Chega uma hora em que as pessoas que ficam brincando com a religião (‘a famosa busca do homem por Deus’) , de repente voltam atrás: ‘já pensou se nós o encontrássemos mesmo? Não é essa a nossa intenção! E, o pior de tudo, já pensou se ele nos achasse’?”. Ao ler a Bíblia, coloco-me mais próximo e na rota de encontrar algo essencialmente real e verdadeiro, ao contrário deste mundo que se torna cada vez mais sutil e virtual. E isso é maravilhoso demais pra mim.

Você também acha que é uma aventura? Então posso dizer que você certamente não pertence mais (todos já pertencemos em algum ponto) a esse mundo de robôs individualistas e materialistas que nunca gastaram cinco minutos considerando seriamente a existência de um ser supremo, inteligente e pessoal, que pode interferir drasticamente em suas vidas.