terça-feira, 31 de maio de 2011

Meu próprio eu

Para quem está em constante busca de sua personalidade, vale bem o comentário de C.S. Lewis:


Quanto mais nos livramos do que agora chamamos de "nós mesmos", mais nos tornamos verdadeiramente "nos mesmos". Há tanto dele que milhões e milhões de "pequenos cristos", todos diferentes entre si, ainda seriam pouco para expressá-lo completamente. Ele os criou a todos. Ele inventou - como um autor inventa os seus personagens em uma novela - toda aquela variedade de homens e mulheres. Nesse sentido, nossos verdadeiros "eus" estão todos esperando por nós nele. Não é recomendável tentar seu "eu mesmo" sem ele. Quanto mais eu resistir a ele e tentar viver por mim mesmo, mais dominado serei pela minha própria herança, criação, meio social e desejos naturais. De fato, o que eu tão orgulhosamente chamei de "meu próprio eu" acaba se tornando o lugar de encontro para uma série de eventos a que eu jamais dei início e que não consigo parar. O que eu chamo de "meus desejos" acabam se tornando meramente os desejos que emergem do meu organismo físico ou os desejos bombardeados para dentro de mim pelos pensamentos dos outros, ou até sugerido por demônios. Ovos mexidos, bebida e uma boa noite de sono, foi nisso que me reduzi e é isso que está na origem verdadeira do meu vício de me referir a mim mesmo como o cara capaz de fazer amor com a garota sentada a minha frente na cabine do vagão do trem (...). Eu não sou no meu estado natural nem de perto a pessoa que gostaria de ser. A maior parte do que eu chamo de "eu" pode muito facilmente ser explicada. É quando eu me volto para Cristo, quando me entrego a sua personalidade, que eu começo a ter uma personalidade para mim mesmo

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Tão, tão distante!

Leio, medito e escrevo neste blog, mas não sei se devo ser lida. Tem gente que divulga seus textos. Eu até fiz isso no começo, mas cada vez que leio mais e escrevo de novo noto que estou tão distante de ser alguém que mereça público. Ainda mantenho uns vícios aqui e ali que me desqualificam como cristã, que me fazem parecer alguém sem fé e materialista, e me revelam uma pessoa com alguma auto-piedade e um tanto de egoísmo.
Sonho em ser diferente, mas acabo que faço igual. Sabe aquelas coisas que todo mundo quer? Uma casa maior, um emprego com boa remuneração, dias de descanso e tranquilidade? São as coisas que eu quero. Pode ser que você me pergunte o que há de errado em querer isso. Por mim, acho que pode até ser certo, mas não é nisso que devem focar nossos esforços. Se o cristão vive para glorificar a Deus, ele pode fazê-lo em qualquer circunstância, não é preciso que ele esteja num aconchegado quartinho decorado com o que há de melhor, debaixo de cobertas quentinhas e com um delicioso chocolate quente na cabeceira. Se ele precisa disso para glorificar a Deus, pode ser que sua alegria provenha da cama macia.
Agora se vivemos para a glória de Deus, podemos nos sentir alegres em meio a uma provação, pois sabemos que aqueles momentos podem redundar em louvores a Deus. Podemos ficar felizes com um baixo salário por ter a certeza de que Deus nos colocou naquele emprego para alcançar pessoas a quem não teríamos acesso em outra circunstância. E eu? Sou assim? Confesso que estou distante e que ainda amo as coisas daqui e acabo com compaixão de mim quando não as posso ter.
E por que ainda escrevo? Para me lembrar e ficar consciente. Porque o mundo sempre nos faz esquecer do que realmente importa. Porque preciso ficar alerta de que prestarei contas de minha vida e que cada dia que passa fico mais próximo do dia em que estarei diante de Deus no momento mais verdadeiro da minha vida, quando um bom chocolate quente debaixo de cobertores não fará nenhuma diferença.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cansei deste mundo

"Tô cansado deste mundo!". Assim disse o pastor Alcides, que ouvi pregar ontem. É tanta corrupção, miséria, mentira, traição, vaidade, loucura. E o que nos cansa mais é saber que logo ali, quando essa história toda acabar, estamos com um encontro marcado (que vai durar toda a eternidade) com Jesus Cristo. E quando estou perto dele, sempre estou em plenitude de alegria e paz verdadeira. Por isso estar aqui no mundo é como estar nas últimas semanas de aula antes das férias. 
Mesmo com essa verdade gravada na memória, muitas vezes o cristão se esquece de apresentá-la diariamente a seu coração. O resultado? Estamos muito acostumados com o mundo e acho até que estamos pensando que ele é o nosso lar. E até mesmo em nosso relacionamento com Jesus estamos levando essa farsa a sério e pedimos em nossas orações por um carro mais luxuoso ou uma casa de quatro suítes. O suspirar de nosso coração deveria ser "vem Senhor Jesus". 
O pastor falou de Daniel, que mesmo tendo um cargo importante no mundo onde estava, todos os dias voltava-se três vezes para Jerusalém em oração. E assim ele se lembrava que não era dali. E assim também não somos daqui. Estamos aqui, mas somos do Senhor Jesus para viver com ele em novos céus e nova terra, com corpo transformado. Essa é a mais viva esperança do cristianismo, por isso a Bíblia termina com a promessa de Jesus que afirma que virá sem demora. 
Somos peregrinos nesta terra estranha. E com essa certeza em nossos corações devemos ansiar e nos preparar para esse dia incerto, que virá como o assalto de um ladrão."Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (I Ts 4: 16 e 17).