terça-feira, 24 de junho de 2008

Precisarei concordar com o matemático

Me perdoem o atraso, mas o tempo está um pouco escasso nessas semanas. Enfim eis meus comentários finais sobre o matemático da revista VEJA da semana passada (que prometi fazer na última postagem).
Admito que critiquei muito o cara. Lamento pelo homem pós-moderno, que acha que só esse mundo físico é tudo. No meu entender é, no máximo, alguma coisa.

Mas não foi isso o que eu gostaria de comentar. É mais um ponto de vista dele que concordo plenamente e, por isso mesmo, morro de vergonha dos cristãos de hoje. Veja só:

"Recebi vários e-mails de leitores religiosos que admitiram que os fiéis têm de se confrontar de algum modo com os argumentos que apresento. Eles recorrem a outra linha de argumentação: dizem que a religião é uma tradição, que une as pessoas, que dá conforto, e é uma fonte de ideais elevados. Eu não discordo. O problema com os cristãos moderados é que eles fazem uma leitura seletiva da Bíblia, acreditam neste ou naquele ponto e discordam de outros. Mas como escolher os pontos da Bíblia que vale a pena sustenar e aqueles que devem ser rejeitados? Basicamente, essa escolha é deita com base em critérios seculares. A aceitação dos gays por algumas igrejas, por exemplo, não responde à tradição religiosa, mas a uma imposição dos valores seculares. Então, pergunto: por que não ser completamente secular?"

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O pequeno mundo da razão e o grande da fé

“Se as pessoas gostassem mais de matemática, pensariam com mais rigor. Isso faria com que pusessem muitas de suas crenças em xeque.”

Isso é o que se pode ler nas páginas amarelas da revista VEJA desta semana. Uma frase lamentável. Não entendi algo até hoje: por que tem gente que quer que sejamos sempre tão racionais? Fossemos esse ser tão cheio de rigor, talvez não precisaríamos de Deus. Imagino que os computadores não precisam de religião. Se as coisas fossem como pensa esse matemático, para que cadeias, asilos? Pra que direito, literatura? Seríamos exatos, precisos, eternamente do mesmo jeito.

Ainda não entendi porque a matemática seria o oposto da fé. Não sei se é porque não gosto dela, mas, para mim, a matemática é uma linguagem que pode ser usada para explicar algumas coisas. Não sei explicar matematicamente porque sinto medo ou a razão de uma mãe abandonar um filho, de uma pessoa consumir drogas. Mas pela fé, posso aceitar que há uma força que puxa tudo para baixo, porque a fé não é de tudo irracional. Mas os defensores da razão querem ser o tempo todo sem fé.

Vivendo aqui na terra esses poucos anos, deu para perceber que as coisas do homem não são só a razão. Uma pequena parte o é. Mas e o resto? Daríamos as costas ao resto das coisas como se elas não existissem, porque não as explicamos e não as percebemos por fórmulas ou teorias. Se Deus fosse matemática, não estaríamos todos à busca dele na igreja, mas sim numa universidade!

Aos amantes da matemática, ofereço a chocante realidade da irracionalidade das coisas. Vivemos em um conto de fadas? Possivelmente. Num lugar cercado de seres maravilhosos ou histórias inexplicáveis que não foram contempladas porque a razão os cegou. E num universo que a lógica pode ser uma outra muito maior ou mais elaborada do que pensam seus dois mais dois.

Cito G. K Chesterton, um de meus heróis favoritos, “a imaginação não gera a insanidade. O que gera a insanidade é exatamente a razão. Os poetas não elouquecem; os jogadores de xadrez sim”. E ainda: “aceitar tudo é um exercício, entender tudo é uma tensão. O poeta apenas deseja a exaltação a expansão, um mundo em que ele possa se expandir. O poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é que procura por os céus dentro da sua cabeça. E é a cabeça que se estilhaça.”


Ainda voltarei a falar dessa entrevista nesta semana.