segunda-feira, 16 de junho de 2008

O pequeno mundo da razão e o grande da fé

“Se as pessoas gostassem mais de matemática, pensariam com mais rigor. Isso faria com que pusessem muitas de suas crenças em xeque.”

Isso é o que se pode ler nas páginas amarelas da revista VEJA desta semana. Uma frase lamentável. Não entendi algo até hoje: por que tem gente que quer que sejamos sempre tão racionais? Fossemos esse ser tão cheio de rigor, talvez não precisaríamos de Deus. Imagino que os computadores não precisam de religião. Se as coisas fossem como pensa esse matemático, para que cadeias, asilos? Pra que direito, literatura? Seríamos exatos, precisos, eternamente do mesmo jeito.

Ainda não entendi porque a matemática seria o oposto da fé. Não sei se é porque não gosto dela, mas, para mim, a matemática é uma linguagem que pode ser usada para explicar algumas coisas. Não sei explicar matematicamente porque sinto medo ou a razão de uma mãe abandonar um filho, de uma pessoa consumir drogas. Mas pela fé, posso aceitar que há uma força que puxa tudo para baixo, porque a fé não é de tudo irracional. Mas os defensores da razão querem ser o tempo todo sem fé.

Vivendo aqui na terra esses poucos anos, deu para perceber que as coisas do homem não são só a razão. Uma pequena parte o é. Mas e o resto? Daríamos as costas ao resto das coisas como se elas não existissem, porque não as explicamos e não as percebemos por fórmulas ou teorias. Se Deus fosse matemática, não estaríamos todos à busca dele na igreja, mas sim numa universidade!

Aos amantes da matemática, ofereço a chocante realidade da irracionalidade das coisas. Vivemos em um conto de fadas? Possivelmente. Num lugar cercado de seres maravilhosos ou histórias inexplicáveis que não foram contempladas porque a razão os cegou. E num universo que a lógica pode ser uma outra muito maior ou mais elaborada do que pensam seus dois mais dois.

Cito G. K Chesterton, um de meus heróis favoritos, “a imaginação não gera a insanidade. O que gera a insanidade é exatamente a razão. Os poetas não elouquecem; os jogadores de xadrez sim”. E ainda: “aceitar tudo é um exercício, entender tudo é uma tensão. O poeta apenas deseja a exaltação a expansão, um mundo em que ele possa se expandir. O poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é que procura por os céus dentro da sua cabeça. E é a cabeça que se estilhaça.”


Ainda voltarei a falar dessa entrevista nesta semana.

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